Card Networks e Stablecoins: por que a Visa, Mastercard e o comércio global estão de olho nessa revolução?

As principais bandeiras de cartão, como Visa e Mastercard, estão acelerando pilotos e integrações com stablecoins para tornar a liquidação de pagamentos internacionais muito mais rápida e eficiente.

A grande motivação é reduzir custos operacionais e encurtar prazos de recebimento, substituindo parte das redes de compensação tradicionais, como SWIFT, pela liquidação on-chain e, assim, garantindo um fluxo de caixa ágil para comerciantes de todos os tamanhos.

Como funciona a integração de stablecoins nas redes de cartão?

  • Liquidação direta com stablecoins — Em vez de depender de múltiplos intermediários, a bandeira transfere o valor da venda em stablecoin (ex: USDC) direto para o banco adquirente do lojista, tornando a transação quase instantânea. Em vez de enviar fundos via redes como SWIFT, a bandeira transfere valores em stablecoin (ex.: USDC) diretamente para o banco adquirente do comerciante, reduzindo tempo e custos.
  • Conversão automática — Gateways convertem o valor da transação em stablecoin e, se necessário, para moeda local no momento da liquidação.
  • Custódia regulada — Em parceria com emissores licenciados de stablecoins e custodians institucionais, garantindo compliance com requisitos KYC/AML.

Casos reais

  • Visa + Circle (USDC) — Liquidação de transações internacionais diretamente na blockchain Ethereum, cortando intermediários e acelerando repasses para comerciantes.
  • Mastercard + Paxos — Integração para permitir pagamentos e liquidações instantâneas com stablecoins em alguns mercados.

Benefícios, riscos e desafios

Aspecto Benefícios Riscos Desafios
Velocidade de liquidação Redução de prazos de 1–5 dias para minutos ou segundos. Possível lentidão em blockchains congestionadas. Garantir estabilidade de performance em picos de transações.
Custos operacionais Eliminação de múltiplos intermediários reduz taxas. Taxas de rede podem variar conforme a blockchain. Implementar otimização de custos sem comprometer a segurança.
Fluxo de caixa Acelera recebimentos para comerciantes globais. Risco cambial se a stablecoin perder paridade. Implementar mecanismos de conversão automática para mitigar riscos.
Integração tecnológica Compatível com POS e gateways já existentes. Falhas técnicas na integração entre sistemas. Garantir interoperabilidade entre bandeiras e blockchains.
Transparência e auditoria Registros públicos on-chain permitem auditorias rápidas. Exposição de dados transacionais (mesmo com pseudonimato). Definir padrões de privacidade adequados para diferentes mercados.
Segurança Custódia institucional robusta em parcerias estratégicas. Vulnerabilidade a ataques cibernéticos e exploits. Investir em segurança de contratos inteligentes e compliance.
Adoção global Possibilidade de padronização internacional de liquidação. Divergências regulatórias entre países. Harmonizar regulações e criar acordos multilaterais.

Liquidação Tradicional X Liquidação com Stablecoins

Critério Liquidação Tradicional Liquidação com Stablecoins
Tempo de liquidação 1 a 3 dias úteis (nacional) / até 5 dias (internacional) Minutos ou até segundos, dependendo da blockchain
Custo operacional Alto — múltiplos intermediários (bancos correspondentes, câmaras de compensação) Reduzido — liquidação direta on-chain, menos intermediários
Intermediários Emissores, adquirentes, redes de compensação, bancos correspondentes Emissor da stablecoin, rede blockchain, custodians
Risco cambial Elevado — variação no período entre transação e liquidação Baixo — conversão quase imediata no momento da liquidação
Transparência Baixa — dados restritos a participantes do sistema Alta — registros públicos on-chain (com pseudonimato)
Integração tecnológica Infraestrutura consolidada, mas lenta para inovações Requer adaptação, mas compatível com gateways e POS
Compliance Segue padrões PCI DSS e regras bancárias Necessário adequar KYC/AML ao ambiente blockchain

Tendências futuro das bandeiras de cartão com Stablecoins

  • Convergência de sistemas de cartão e blockchain — Infraestruturas híbridas onde a blockchain atua como “camada de liquidação global” para diversas bandeiras.
  • Saldos nativos de stablecoins — Possibilidade de saldos de stablecoins em carteiras vinculadas diretamente ao cartão do usuário, permitindo uso tanto online quanto presencial.

Expansão para stablecoins reguladas — Uso preferencial de stablecoins sob normas como MiCA (UE) e GENIUS Act (EUA) para ampliar segurança jurídica e confiança do mercado.